Como aponta o especialista em educação Sergio Bento de Araujo, reduzir evasão depende menos de “atrair” e mais de remover barreiras: horários rígidos, currículos pouco relevantes e pouca clareza sobre certificações e oportunidades. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) concentra trajetórias interrompidas por trabalho, cuidado da família e deslocamentos longos. Para além da recuperação da escolarização, a EJA pode ser uma porta de entrada para melhores empregos e cidadania ativa. Continue a leitura para conhecer estratégias práticas, indicadores simples para aumentar engajamento e permanência.
Acolhimento e diagnóstico: O primeiro passo para pertencer
Antes de qualquer ajuste de grade, ouça os estudantes. Mapear jornadas (turnos de trabalho, tempo de deslocamento, responsabilidades domésticas) ajuda a compor turmas viáveis. Acolhimento inicial com mediação socioemocional, revisão de letramentos e nivelamento em educação básica diminui a ansiedade de retorno. Em escolas públicas, crie ligações com CRAS, UBS e centros de emprego; nas escolas privadas, conecte bolsas, estágios e apoio psicopedagógico. Em ambos os casos, comunique metas de curto prazo (módulos de 6 a 8 semanas) com certificações parciais para manter o clima de avanço.
Trilhas flexíveis e microcertificações com EaD
Para 2026, proponha trilhas modulares: linguagens e matemática como eixo, e unidades curtas de Formação profissional (logística, serviços, tecnologia, economia criativa). O ensino à distância entra como aliado para conteúdo assíncrono (vídeos curtos, podcasts, simuladores) e encontros síncronos semanais. De acordo com o empresário Sergio Bento de Araujo, microcertificações empilháveis, reconhecidas pela escola e por parceiros locais, que facilitem atualização rápida e criem sensação de conquista a cada etapa.
Currículo por competências alinhado à BNCC
A EJA de qualidade respeita a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, ao mesmo tempo, recupera saberes de vida (trabalho, cuidado, empreendedorismo, cultura local). Planeje projetos integradores (feira de serviços, mapas de mobilidade do bairro, orçamento doméstico) que evidenciem competências. Use rubricas simples (iniciante, proficiente, avançado) e portfólios digitais para dar visibilidade às aprendizagens. Como ressalta o especialista em educação Sergio Bento de Araujo, a avaliação formativa, com devolutivas claras e objetivos semanais, sustenta a permanência.
Tecnologia, IA e robótica a serviço de problemas reais
Tecnologia na EJA não é luxo; é ponte para o mundo do trabalho. Introduza IA para análise de dados de bairro (consumo de água, trânsito, segurança), criação de currículos e cartas de apresentação, ou apoio à revisão textual. Em projetos de robótica, priorize protótipos úteis: sensores para hortas comunitárias, automação de iluminação de espaços públicos, ou dispositivos de acessibilidade. A curadoria deve ser leve e contextualizada, com atividades que os estudantes reconheçam como relevantes para a vida e para oportunidades de renda.

Engajamento que passa pela vida fora da escola
A permanência cresce quando a EJA “sai” dos muros. Firmar parcerias com secretarias municipais, SINE, cooperativas e ONGs abre estágios, vagas e oficinas. Rodízio de mentores (ex-alunos e profissionais da comunidade) torna-se um ritual de pertencimento. Calendários de mostras públicas (bimestrais) para expor projetos, convidar famílias e ampliar o reconhecimento social do esforço dos estudantes.
Indicadores simples que orientam ação
Monitore o que importa e comunique resultados de forma transparente:
- Acesso e permanência: matrícula ativa, presença efetiva por módulo, taxa de conclusão por microcertificação;
- Aprendizagem: evolução em leitura, escrita e matemática funcional; rubricas de projetos; domínio digital;
- Transição: encaminhamentos para trabalho/formação técnica; aproveitamento de estudos para o Novo Ensino Médio ou ENEM.
Defina gatilhos de intervenção (ex.: duas faltas seguidas → contato ativo; três atrasos de entregas → reforço tutorado). Publique dashboards trimestrais para comunidade e mantenedores.
Formação docente, gestão da sala heterogênea e bem-estar
A docência na EJA exige formação contínua em metodologias ativas, design de projetos, alfabetização de adultos e uso ético de tecnologia. Rotinas de observação de aula com feedback breve, comunidades de prática e material comum (planos, rubricas, trilhas digitais) reduzem a sobrecarga. Segundo o especialista em educação Sergio Bento de Araujo, duplas pedagógicas (docente + mediador) nas turmas mais desafiadoras, além de plantões híbridos (presenciais e on-line) para tirar dúvidas fora do horário regular.
Uma EJA que cabe na vida real!
Quando a EJA reconhece o tempo e o trabalho do estudante, oferece trilhas curtas e significativas e mede o que importa, a evasão cai naturalmente. Comece pequeno, valide rapidamente e escale o que funcionar, mantendo o foco na dignidade, no aprendizado útil e na transição para melhores oportunidades. Se precisar de apoio para dar o primeiro passo, organize um grupo de trabalho, selecione um módulo piloto e compartilhe evidências com a comunidade. Como considera o empresário Sergio Bento de Araujo, pertencer é o antídoto mais eficiente contra o abandono, e pertencer se constrói, semana a semana.
Autor: Yuliya Sokolova

